Se Não Fosses Tu Marcolino
Benfica

Se Não Fosses Tu Marcolino


TEVE ACÇÃO DECISIVA NO VERÃO DE 1907 PARA NÃO DEIXAR MORRER O "GLORIOSO".


No começo da 112.ª temporada gostaria de recordar uma Glória esquecida responsável pela 4.ª temporada (e provavelmente todas as seguintes até esta de 2015/16) terem existido: Marcolino Leopoldino Neto de Bragança Pinto de Meireles.

Tenho conseguido recolher informações
Embora ainda não esteja como se exige, mas...penso haver já um mínimo aceitável. Tenho estado à espera de mais informações biográficas junto da filha mais nova (actualmente com 67 anos) mas tem sido complexo investigar arquivos em São Tomé e Príncipe. Assim que obtiver mais dados - principalmente a data de nascimento - completarei a informação.

Cosme Damião não deixa dúvidas
Marcolino Bragança foi fundamental em 1907. Há registos até 1908 (em Lisboa), depois uma aparição episódica em Maio de 1969 (em Luanda) e eclipse total até há cerca de seis meses quando descobri a filha (Camila Máxima Pinto de Meireles) depois de por pouco não ter conseguido falar com o filho: Marcolino Meireles. Quando descobri a notícia, em Fevereiro de 2008, cheguei tarde ao IPO de Lisboa onde faleceu com um cancro! Por meia dúzia de dias. "Atraso" que significou mais sete anos de procura!

Regressando a Cosme Damião
Eis o "Pai do Benfiquismo" em discurso directo:

Entrevista de Mário de Oliveira a Cosme Damião; jornal "A Bola"; 5 de Março de 1945; página 5
A filha conta que: "Marcolino Bragança, era um homem extremamente culto e ávido de saber. A tal ponto que, nas rodas que frequentava, discutindo ou dissertando, um médico, engenheiro (etc.) pensaria que estava a falar com um par seu. Ele nutria uma enorme amizade, consideração, respeito e admiração por Cosme Damião e Félix Bermudes, aliás recíproco, que duraram até ao fim da vida de cada um deles. Era um Senhor que impunha respeito por onde passava. Afinal de contas, era um fidalgo!"  

Senão fosse ele!?
Um dos mais notáveis dos nossos pioneiros foi Marcolino Bragança. Foi daqueles que arquitectaram os caboucos do Benfica e do Benfiquismo. Do antes quebrar que torcer. De seu nome Marcolino Meireles. Para a história... Marcolino Bragança.

Um dos pais da sobrevivência do Clube
Marcolino Bragança nasceu naquela que foi centenas de anos uma colónia portuguesa na costa atlântica de África, arquipélago no equador do Planeta, São Tomé e Príncipe. Terra de Benfiquistas. Ainda na actualidade. O seu pai era de linhagem nobre, transmontano de cepa, nascido e crescido em Macedo de Cavaleiros, D. António Fortunato Pinto de Meireles. Engenheiro agrónomo, desiludido com o amor, decidiu que exerceria a sua paixão pela agricultura longe da Europa, rumando a África para desenvolver uma roça na exuberante ilha de São Tomé. E por lá casou com Maria Manuel Neto de Bragança e teve filhos, entre eles, o nosso Marcolino Bragança, nascido em 1891 (a confirmar), baptizado em Xaxim. Nome completo: Marcolino Leopoldino Neto de Bragança Pinto de Meireles.

Quando chegou à idade de estudar
Fez o percurso habitual dos filhos de D. António de Meireles e D. Maria de Bragança. Rumou a Portugal e a Lisboa para na casa de uma tia paterna, a dedicada D. Camila, estabelecer residência e frequentar o Liceu. E assim foi. Em breve, por Lisboa, estava a ter uma das primeiras, senão a sua primeira paixão de jovem adolescente, o futebol e por acréscimo o Benfica. Em 1906 já fazia parte da segunda categoria do Sport Lisboa. Uma segunda categoria com muita... categoria ou não vergasse todas de igual escalão a derrotas, algumas copiosas, batendo mesmo o pé (e a bola com golos) até a primeiras categorias de clubes mais modestos. Jogava na meia-defesa, hoje no meio-campo, ou como ele foi dizendo toda a vida, instruindo os filhos e filhas no jogo e no Benfica, a Half-Back esquerdo, um dos melhores da sua categoria. No Clube já havia dois irmãos Meireles, Abílio e António, mas que não tinham ligação familiar a Marcolino. E na segunda categoria jogava um, o António Meireles. Coube ao benjamim, ao novato, mudar de nome. Nada mais fácil: Marcolino Bragança. Chegou Marcolino Meireles passou a Marcolino Bragança. E assim ficará para a eternidade, conhecido entre todos e reconhecido pelos Benfiquistas como um dos seus. E dos melhores.

De cima para baixo. Da esquerda para a direita. Defesas (Backs) e guarda-redes (Keeper): Henrique Teixeira, João Persónio e José Neto; Avançados (Forwards): Félix Bermudes (capitão), Eduardo Corga, Leopoldo Mocho, António Meireles e Carlos França; Médios (Half-backs): Luís Vieira, Cosme Damião e Marcolino Bragança

Sim...dos melhores
Dos melhores porque quando se apoderou do clube, a partir de Maio de 1907, a desilusão e o desânimo após uma saída maciça de oito futebolistas do primeiro "team" surge a voz respeitada de Marcolino Bragança, então nos seus 16 anos de uma maturidade que iria ser apanágio de uma longa vida. É Cosme Damião que conta: «Surgiu, entretanto, a ideia de resistência. Marcolino Bragança, jogador esplêndido, pôs este problema - porque não passamos o segundo "team" a primeiro? Concordaram alguns. Eu, por mim, concordei. Marcolino Bragança foi a "alma" da resistência. Perdeu o ano no Liceu. Mas ganhámos todos - com a continuação do clube.» Se me permitem que possa acrescentar. Todos quer dizer também nós nos anos seguintes. Em 2015 e por aí fora rumo ao infinito, pois o Clube que Marcolino Bragança não quis "sepultar" em 1907 continuará pela eternidade enquanto houver Benfiquistas. E se muitos forem como Marcolino Bragança muito Benfica haverá para viver por esses séculos que se anunciam mas ainda estão para chegar...


Da Beira Tejo para lá de Monsanto
Marcolino de Bragança é um dos associados do Clube (n.º 228) que transita de Belém para Benfica assegurando dar consistência a um clube (Sport Lisboa) que tinha uma super-estrutura (futebol) mas necessitava de infra-estruturas (campo, Sede e dirigentes). Depois terminados os estudos - que terão durado mais um ano conforme Cosme Damião justifica - regressou a "casa" (embora o Benfica fosse também a sua casa, menos física, mais emotiva, toda a vida).

Ambriz
De Benfica para Angola (via São Tomé)
Em São Tomé junto dos seus, cresceu, trabalhou, fez-se Homem, agricultor experiente e pioneiro no desenvolvimento dos citrinos. Por volta dos 40 anos de idade (anos 30 do século XX) decidiu alargar os horizontes viajando para Luanda onde viria a casar cerca de 15 anos depois, por volta de 1946, com D. Isabel da Costa Meireles, filha de mãe angolana e pai algarvio, de Olhão. Em Luanda juntava-se Trás-os-Montes e o Algarve através de Marcolino Bragança. Profundo conhecedor dos segredos da agricultura tropical comprou uma fazenda em Bessa Monteiro, no Ambrizete, com cerca de dez mil hectares, a 180 quilómetros da capital, no litoral norte angolano, que baptizou como "Fazenda Santa Isabel" ou Caúlo, onde se especializou na produção de laranjas muito doces, quase sem sementes, sumarentas e suaves, de cor laranjo-avermelhada. À Benfica. Entretanto foram crescendo os filhos, arranjando sustento para oito. Sempre a falar do Benfica, das suas histórias como "half-back à esquerda" no início do século, do modo como o clube vingou no futebol e no desporto. Entre os "rapazes do seu tempo" manteve contacto com Cosme Damião (até este falecer em 1947) e com Félix Bermudes, chegando mesmo "anos a fio" a jogar "xadrez por correspondência" com o ilustre dramaturgo e escritor português.


Sinais de vida
Em Maio de 1969 recebeu na sua casa luandense a delegação Benfiquista chefiada pelo presidente Borges Coutinho que se deslocou a Angola para a Gloriosa Equipa defrontar o clube ASA de Luanda numa eliminatória da Taça de Portugal.

O pioneiro e veterano Marcolino Bragança nos seus oitenta anos de saber e vida intensa entre gente tão ilustre. Entre Borges Coutinho, Eusébio, Otto Glória, Simões, Coluna, José Augusto, Humberto Coelho, José Henrique e muitos outros. E a filha Milita (às bolinhas brancas num vestido vermelho Benfica) com 21 anos!

Já no ocaso da vida, o ilustre Marcolino Bragança faleceu em 18 de Abril de 1971, com mais de 80 anos, em Luanda. Entre muito do que fez e fez fazer durante uma vida longa, passada entre São Tomé e Angola, foi na sua juventude que deixou para a posteridade, em Lisboa, um dos maiores feitos.

O Clube não pode morrer. E não morreu...


Obrigado Marcolino Bragança

Obrigado Milita Cantora de Angola


Para ouvir a letra (em melhores condições) porque merece por falar na fazenda Caúlo do Glorioso Marcolino de Bragança (clicar)

Alberto Miguéns

PLANO PARA AS EDIÇÕES DURANTE  JULHO
(provisório como é evidente)
De 17 de Julho a 10 de Agosto de 2015 (Sempre pela meia-noite)
Sexta-feira (de 16 para 17): Os primeiros 111 jogos (um por cada época);
Sábado (de 17 para 18): O "Glorioso" no Canadá;
Domingo (de 18 para 19): O "Glorioso" frente ao PSG;
Segunda-feira (de 19 para 20): A estreia em 2015/16;
Terça-feira (de 20 para 21): Mentiras Oficializadas by SLB;
Quarta-feira (de 21 para 22): Uma modalidade por semana: Hóquei em Patins;
Quinta-feira (de 22 para 23): Primeiro balanço da pré-época;
Sexta-feira (de 23 para 24): O "Glorioso" nos EUA;
Sábado (de 24 para 25): O "Glorioso" frente à AC Fiorentina;
Domingo (de 25 para 26): Dois jogos? Que jogos?;
Segunda-feira (de 26 para 27): O "Glorioso" frente aos Nova Iorque Red Bull;
Terça-feira (de 27 para 28): O "Glorioso" no México;
Quarta-feira (de 28 para 29): O "Glorioso" frente ao CF América;
Quinta-feira (de 29 para 30): E depois do estádio Azteca?;
Sexta-feira (de 30 para 31): Uma modalidade por semana: Futsal;
Sábado (de 31 para 1): Sinto-me tão portista;
Domingo (de 1 para 2): O "Glorioso" no Troféu Eusébio Cup;
Segunda-feira (de 2 para 3): Terminou a Pré-época!;
Terça-feira (de 3 para 4): Benfica tão brilhante que se vê no escuro;
Quarta-feira (de 4 para 5): Uma modalidade por semana: Andebol;
Quinta-feira (de 5 para 6): O Mais Belo e Inigualável 138;
Sexta-feira (de 6 para 7): Já cá faltava eu!;
Sábado (de 7 para 8): O "Glorioso" na Supertaça;
Domingo (de 8 para 9): O Dérbi de Lisboa;
Segunda-feira (de 9 para 10): E depois da Algarviada?



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