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Evoluir no modelo do apito
"Na emergência do plebiscito anunciado no processo eleitoral para a presidência da FPF, a grande emoção nesse ato eleitoral será a definição das cabeças (sem método de Hondt a implicar partilhas) a integrar o Conselho de Arbitragem (CA). O mundo altera-se mas não se altera assim tão radicalmente: os árbitros ainda são os árbitros, mesmo com outro estatuto e o vídeo desbloqueador à bica. Além do mais, tudo funciona bem nos demais órgãos e não há motivos para renovação. Por exemplo, o Conselho de Disciplina é um primor de celeridade e acerto nas fundamentações e o Conselho de Justiça é um farol nos trilhos jurídicos das leis desportivas. Para quê mudar? Resta o órgão das polémicas. O gáudio das hostes, portanto. Houve um tempo em que os dirigentes dos clubes e das associações entendiam que as personagens fora da arbitragem (nomeadamente magistrados ou advogados) poderiam ser a solução para liderar e credibilizar o órgão da tutela. Foi um tempo que fala por si. Depois, percebeu-se que seria tempo para colocar ex-árbitros à frente das lides. Ao início não correu bem, mas, a partir de 2006, a LPFP viu a arbitragem dos campeonatos profissionais entrar no seu melhor período (a não profissional prosseguiu um caminho errático), mesmo com a suspeição gerada pelos processos judiciais e disciplinares que envolveram os árbitros. Em competência académica, formação técnica e treino, acompanhamento, gratificações e condições, esta foi a década que permitiu dar o salto. O salto que proporcionou dois árbitros (e seus assistentes) a nível internacional 'top' e uma habilitação média notavelmente superior dos restantes. A evolução que, ademais, lançou as bases para a actual consciencialização, organização e plataforma reivindicativa dos árbitros enquanto classe. Aqueles que hoje tanto exigem e reclamam dos árbitros na esfera do 'erro' (com uma panóplia de meios de análise que antes nem sequer se vislumbravam) devem estar com certeza a esquecer-se da desgraça subsistente antes desta década e do verdadeiro significado dessas três décadas anteriores.
Porém, é óbvio que fazer melhor (e riscar a suspeita) é o caminho. Estas eleições deveriam ser uma oportunidade para discutir, mais do que essas cabeças, a disponibilidade da FPF para encabeçar um outro modelo da arbitragem, sempre coordenado e administrado pelo CA, que permitisse 'externalizar' (em procedimento de delegação) as tarefas de formação, nomeação e classificação dos árbitros das competições profissionais. Haverá interesse?"
Ricardo Costa, in Record
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